segunda-feira, novembro 27, 2006

O Peso do Preconceito

Nossa cultura cada vez mais enfatiza a necessidade de estar em forma fisicamente, refletindo o magro como sinônimo de belo e mais atraente. O obeso tende a ser exposto a situações de discriminação devido seu peso. Por exemplo, ir ao cinema e não encontrar uma cadeira adequada ao seu tamanho; ser motivo de risadas por não passar pela roleta do ônibus. Há pessoas que não se intimidam em rir diante de um obeso, como se ele fosse assim apenas por ser preguiçoso e comilão. É preciso saber que o obeso pode estar sofrendo de algum tipo de distúrbio alimentar. Assim como na anorexia a pessoa se vê gorda, apesar de estar com aparência esquelética, continua a emagrecer podendo chegar a morte, o obeso pode igualmente estar sofrendo de um transtorno do comer compulsivo. Neste transtorno, há um ataque de comer exagerado sem a tentativa de livrar-se da comida por uso de laxantes ou vômitos induzidos. Estas pessoas tem a sensação de perda do controle durante esses ataques de comer chegando a um desconforto no estômago e sentimento de culpa. O fator emocional é importante nestes distúrbios, pois pode estar associado a depressão ou ansiedade. No transtorno do comer compulsivo, a pessoa para não lidar com seu sofrimento tenta aliviá-lo colocando algo de bom para dentro de si, a comida, dando uma sensação de prazer momentâneo. Ela não come simplesmente por fome, a comida é procurada como tranquilizante, podendo sem saber estar prejudicando-se. E o magro? O quê uma pessoa magra busca nas dietas radicais e ginástica exagerada, além do limite recomendado por profissionais? Há possibilidades de estar passando por dificuldades emocionais como o obeso, ou seja, o obeso não consegue livrar-se do exagero de comida; o magro não consegue livrar-se do exagero de dietas e exercícios. As diferenças são a forma de lidar com o sofrimento, muitas vezes ainda latente, e a discriminação.

Ana Paula Gramacho Varela
Psicóloga – Psicanalista
ATO

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