segunda-feira, novembro 27, 2006

ARROZ, SORVETE, PIZZA, BISCOITO.....

A necessidade de comer o que vê pela frente até se empanturrar pode ser uma doença séria. Isto é muito fácil de observar, via meios de comunicação, que por exemplo para manter a forma e progredir na carreira de modelo é preciso uma dieta rigorosíssima. Cardápio para cultivar a beleza tão padronizada e exigida pela sociedade de hoje consta: uma jornada de alface e filezinho grelhado, de preferência meio filezinho e uma bacia de alface. E parece que esta jornada ‘verde’ não é mais uma rotina somente das modelos e sim uma decisão imposta pela cultura atual e incorporada por algumas pessoas que acabam sofrendo por tamanha exigência para consigo mesma. Porém, para suportar este ritmo não é tão simples. Lá pelo meio do dia a disposição de seguir esta regra muitas vezes vai por água abaixo. E então, come um bombom, depois a caixa inteira. Empolgada, a pessoa continua e devora oito cachorros-quentes e, em seguida, três panelas de pipoca. Encerra o banquete com duas fatias de pizza, enorme indisposição e culpa monumental. Aí está a tão oculta Compulsão Alimentar. Não se trata de qualquer ataque à geladeira, o comer compulsivo é diagnosticado quando ocorre no mínimo duas vezes por semana, durante pelo menos quatro meses seguidos. Trata-se de um distúrbio alimentar sério, primo da anorexia e da bulimia. Da mesma forma que quem pratica o jejum radical da anorexia e o vômito provocado da bulimia, as pessoas que comem compulsivamente escondem seu hábito e têm vergonha dele. Em geral se empanturram às escondidas. Geralmente as pessoas com transtorno do comer compulsivo são obesas.Isto parece ser um retrato de uma geração cujo cardápio foi engrossado à base de alimentos gordurosos, supercalóricos e também uma dose dupla de ansiedade ou depressão. Não podemos relacionar as formas de comer compulsivamente somente com o aumento do corpo, da gordura, do peso da pessoa, é preciso questionar que necessidade de comer é esta que se depara com a perda do controle sobre o próprio corpo, sobre a própria emoção. Parece haver um conflito, não quer comer porém, come em dobro, triplo.... É preciso estar atento a esta contradição, a comida perde seu real sentido de alimentar um organismo e passa a ter novos sentidos como: preencher um vazio, ficar menos triste, ficar menos ansioso.... Que função tem tido a comida em sua vida? A obesidade está se tornando uma epidemia mundial. Esta é uma das preocupações que motivou a ATO a oferecer um espaço a mais em seus serviços com um grupo de tratamento da compulsão.

Ana Paula Gramacho Varela
Psicóloga – Psicanalista
ATO

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